O cão é um animal altamente sociável, sensciente, de génese predatória, constituindo matilhas que funcionam como famílias, com hierarquia definida e regras próprias.

Ele difere genéticamente em menos de 1% do seu parente mais próximo, o lobo, do qual se julga descender.

Desconhece-se quem deu o primeiro passo de aproximação, se o Homem ou o proto-cão ou lobo. Foi no entanto o Homem que, ao reconhecer o potêncial do cão como seu aliado nas tarefas diárias e graças à sua plasticidade genética (julga-se em mais de 100.000 anos de história conjunta desde o seu antepassado selvagem, de acordo com descobertas através da investigação do A.D.N.) moldou-o, ao longo de inúmeras gerações, exacerbando determinados traços e caracteristicas de acordo com as suas necessidades, culminando nas raças que hoje conhecemos.

Foi o primeiro dos animais domesticado pelo Homem (datando o fóssil mais antigo 14.000 anos). Através de factores como a especialização dos animais numa tarefa, a especificidade do ambiente e a selecção humana, foram surgindo características comuns (tanto morfológicas como comportamentais) entre os elementos de um mesmo grupo, tendo a tipificação destes standarts adquirido uma especial importância a partir do séc. XIX.

Na sua maioria as raças existentes foram desenvolvidas originalmente para trabalho, sendo principalmente as características com ele relacionadas as que foram sendo realçadas (caça, tração, rastreio, protecção...).

A linhagem de trabalho vive hoje nos nossos cães e é necessário honrar essa herança, tal como é indispensável honrar a herança ainda mais primordial que os transforma verdadeiramente nos animais fabulosos que são: o seu lado antecestral de animal de matilha, sempre em movimento, entreajudando-se e trabalhando em conjunto para o bem de toda o grupo familiar.

O líder da matilha, ou alfa, é aquele sobre o qual recai toda a responsabilidade de manter o grupo familiar saudável. Não é um tirano, mas um líder justo e equilibrado que através de uma linguagem própria e consistência de comportamento, define e faz cumprir as regras a ser seguidas por todos, mantendo o grupo coeso.

Nós, como líderes da matilha, temos a responsabilidade de ensinar aos nossos cães as regras, limites e comportamentos aceitáveis na sociedade humana onde se integram, mas também reconhecer, satisfazer e disfrutar do seu lado mais primitivo, compartilhado pelos seus parentes selvagens, com regras, necessidades e linguagem próprias através da consistência dos nossos comportamentos (e muitas repetições). O cão torna-se então um elo entre nós e a natureza, numa relação em que ambos, Homem e Cão são simultâneamente professor e aluno.

Ao reconhecer-mos o cão como animal não humano e deixar-mos de rotulá-lo e tratá-lo como uma pessoa pequenina e felpuda, poderemos então cuidar das suas reais necessidades, sempre de forma humana, compreensiva e paciente, decidida e calma e teremos então cães mais felizes, realizados e bem ajustados.

Venha aprender a ser o Líder da Matilha.

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